Autor: José Alfredo Schierholt


Autor: José Alfredo Schierholt
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Montagem: Orestes Josué Mallmann

sexta-feira, 10 de agosto de 2012


Há 70 Anos Bandeira Gaúcha é Queimada

Interrompemos a série de pesquisas sobre a região há mais de meio século para resgatar um fato insólito ocorrido em 5 de dezembro de 1937, há mais de 70 anos.

Com a Proclamação da República, os Estados passaram a adotar sua bandeira, mas no RS já tremulava durante a Guerra dos Farrapos. O pavilhão gaúcho tremula nas coxilhas graças à sugestão dada por Bento Rodrigues da Rosa, presidente da Junta Municipal de Estrela, aprovada por seus pares na reunião de 15-8-1890, ao governo de Júlio de Castilhos. Por essa razão, a Bandeira da República Rio-Grandense foi adotada em todo o território gaúcho. São poucas as pessoas que sabem desta sugestão nascida em Estrela.
Também são poucas as pessoas que lembram ter a Constituição Brasileira de 10 de novembro de 1937 colocadas todas as bandeiras estaduais fora da lei. Muito pior. Em 5 de dezembro de 1937, o ditador Getúlio Vargas convocou a população para queimar na Esplanada do Russel, diante da Bandeira Nacional, no Altar da Pátria, a Bandeira do Rio Grande do Sul e todas as bandeiras dos Estados da Federação. Veja na foto.
Uma ditadura não suporta poderes menores nos Estados que lhe possam ser rivais, como caudilhos, brigadas militares, bandeiras... Queria concentrar na sua Pessoa e Governo a maior força possível, a maior unificação do país, numa só força militar, numa só força política (fechou o Congresso, Senado, Câmara de Deputados, Assembleias Legislativas, Câmara de Vereadores, Imprensa Livre...) Ele conhecia a força de um Estado. Era preciso enfraquecer o poder regional e estadual, foram hasteadas vinte e uma bandeiras nacionais em substituição às 21 bandeiras estaduais que foram incineradas numa grande pira erguida no meio da praça, ao som do Hino Nacional tocado por várias bandas e cantado por milhares de colegiais, sob a regência do maestro Heitor Villa Lobos. A Bandeira do RS voltou tremular apenas na Constituição de 18 de setembro de 1946.

Pequenas Biografias

Manuel de Cerqueira Daltro Filho 

Daltro Filho é nome de bairro em Imigrantes, anteriormente conhecido por Azevedo Castro. O nome lembra o interventor no RS. Nasceu em 1882, em Cachoeira (BA), com o nome completo de Manuel de Cerqueira Daltro Filho.
Iniciou sua carreira militar aos 16 anos, no 9° Batalhão de Infantaria em Salvador, seguindo, em etapas, para o Rio de Janeiro, Rio Pardo (RS) e Porto Alegre. Após um ano em Curitiba, em 1912 participou do Combate no Contestado. Em 1922, foi comandante da 3ª Companhia de Metralhadoras no RJ para afogar a Revolta dos 18 do Forte, de Copacabana. No governo de Artur Bernardes, foi Major Ajudante de Ordens do presidente da República. Foi adido militar na Bélgica de 1926 a 1928, quando assumiu o comando do 7° Regimento de Infantaria de Santa Maria. Combateu Getúlio Vargas na Revolução de 1930. Após a derrota, apoiou a ditadura. Combateu a Revolução de 1932.
De 27-7-1933 a 21- 8-1933 foi interventor federal interino de São Paulo. Depois de comandar várias regiões militares foi nomeado comandante da 3ª Região Militar, em Porto Alegre, em agosto de 1937, para preparar o golpe do Estado Novo. Combateu a resistência de José Antônio Flores da Cunha, deposto e exilado. Empossado interventor federal no RS em 17-10-1937, revelou um espírito sereno. Tentou evitar violências, vinganças e perseguições. O jornal A Federação foi transformado em Jornal do Estado. Sua maior obra foi desarmar os espíritos. Permaneceu, entretanto, apenas três meses no governo do Estado. Por motivos de doença, faleceu em 19-1-1938, em Porto Alegre.


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