Há
70 Anos Bandeira Gaúcha é Queimada
Interrompemos a série de pesquisas sobre a região há mais de meio século
para resgatar um fato insólito ocorrido em 5 de dezembro de 1937, há mais de 70 anos.
Com a
Proclamação da República, os Estados passaram a adotar sua bandeira, mas no RS
já tremulava durante a Guerra dos Farrapos. O pavilhão gaúcho tremula nas
coxilhas graças à sugestão dada por Bento Rodrigues da Rosa, presidente da
Junta Municipal de Estrela, aprovada por seus pares na reunião de 15-8-1890, ao
governo de Júlio de Castilhos. Por essa razão, a Bandeira da República
Rio-Grandense foi adotada em todo o território gaúcho. São poucas as pessoas
que sabem desta sugestão nascida em Estrela.
Também são
poucas as pessoas que lembram ter a Constituição Brasileira de 10 de novembro
de 1937 colocadas todas as bandeiras estaduais fora da lei. Muito pior. Em 5 de
dezembro de 1937, o ditador Getúlio Vargas convocou a população para queimar na
Esplanada do Russel, diante da Bandeira Nacional, no Altar da Pátria, a
Bandeira do Rio Grande do Sul e todas as bandeiras dos Estados da Federação. Veja
na foto.
Uma ditadura não
suporta poderes menores nos Estados que lhe possam ser rivais, como caudilhos,
brigadas militares, bandeiras... Queria concentrar na sua Pessoa e Governo a
maior força possível, a maior unificação do país, numa só força militar, numa
só força política (fechou o Congresso, Senado, Câmara de Deputados, Assembleias
Legislativas, Câmara de Vereadores, Imprensa Livre...) Ele conhecia a força de
um Estado. Era preciso enfraquecer o poder regional e estadual, foram hasteadas
vinte e uma bandeiras nacionais em substituição às 21 bandeiras estaduais que
foram incineradas numa grande pira erguida no meio da praça, ao som do Hino
Nacional tocado por várias bandas e cantado por milhares de colegiais, sob a
regência do maestro Heitor Villa Lobos. A Bandeira do RS voltou tremular
apenas na Constituição de 18 de setembro de 1946.
Pequenas Biografias
Daltro Filho é nome de bairro em Imigrantes, anteriormente
conhecido por Azevedo Castro. O nome lembra o interventor no RS. Nasceu em
1882, em Cachoeira (BA), com o nome completo de Manuel de Cerqueira Daltro
Filho.
Iniciou sua carreira militar aos
16 anos, no 9° Batalhão de Infantaria em Salvador, seguindo, em etapas, para o
Rio de Janeiro, Rio Pardo (RS) e Porto Alegre. Após um ano em Curitiba, em 1912
participou do Combate no Contestado. Em 1922, foi comandante da 3ª Companhia de
Metralhadoras no RJ para afogar a Revolta dos 18 do Forte, de Copacabana. No
governo de Artur Bernardes, foi Major Ajudante de Ordens do presidente da
República. Foi adido militar na Bélgica de 1926 a 1928, quando assumiu o comando do 7° Regimento
de Infantaria de Santa Maria. Combateu Getúlio Vargas na Revolução de 1930.
Após a derrota, apoiou a ditadura. Combateu a Revolução de 1932.
De 27-7-1933 a 21- 8-1933 foi
interventor federal interino de São Paulo. Depois de comandar várias regiões
militares foi nomeado comandante da 3ª Região Militar, em Porto Alegre, em
agosto de 1937, para preparar o golpe do Estado Novo. Combateu a resistência de
José Antônio Flores da Cunha, deposto e exilado. Empossado interventor federal
no RS em 17-10-1937, revelou um espírito sereno. Tentou evitar violências,
vinganças e perseguições. O jornal A
Federação foi transformado em Jornal do Estado. Sua maior obra foi
desarmar os espíritos. Permaneceu, entretanto, apenas três meses no governo do
Estado. Por motivos de doença, faleceu em 19-1-1938, em Porto Alegre.
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