Autor: José Alfredo Schierholt


Autor: José Alfredo Schierholt
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Montagem: Orestes Josué Mallmann

sexta-feira, 3 de maio de 2013




Relações entre Imigrantes Alemães e Escravos

        Abrindo o Baú 292 de 17-2-2011


Emissários do Brasil Império percorriam a Alemanha à procura de colonos sem terra com dois objetivos: para formar o novo exército e para promover a colonização no Sul do Brasil pelo minifúndio, produzir alimentos.

Os primeiros imigrantes alemães em Taquari, a partir de 1835, vieram sem o caráter colonizador. Já duas décadas depois, em 20-3-1855 em Lajeado, em outubro de 1855 em Estrela e em 1858 em Teutônia a colonização povoou o Vale do Taquari. Vejam as fotos em anexo, de 1921.

A lei proibia o braço escravo nas colônias. Mas, já então burlavam a lei. Donos de escravos alugavam a força escrava para serviços pesados nas colônias, numa perfeita sintonia. Com a Lei Áurea, se tornaram peões. Havia negros que falavam bem a língua alemã.

As relações e diferenças entre as diversas raças ficavam mais tensas quando se tratava de casamentos. A prevenção já vinha de longe, no aconselhamento dos pais quanto à escolha de amizade dos filhos na escola, igreja e sociedade. Afirmavam não haver preconceitos. Apenas alertavam seus filhos para as consequências da heterogeneidade e diferenças num casal quanto à cor, origem, estudos, posses, meio social, idade, estatura, saúde e principalmente religião. Assim, se o filho tivesse 1m60cm de altura e a moça tivesse 1m90cm; se a filha tivesse 28 anos e o rapaz tivesse 18 anos; ou se a filha fosse formada professora e o rapaz fosse analfabeto; se o filho fosse peão e a moça fosse rica; se a filha fosse aleijada e o rapaz fosse normal, enfim, todas as diferenças também de religião, cor e origem poderiam interferir no relacionamento da vida a dois para a vida inteira. A perspectiva era a indissolubilidade do matrimônio. Não é como hoje quando tais diferenças pesam menos na balança da decisão para o casamento e os conselhos dos pais quase não interferem. Não se sabe de casamento que tenha ocorrido naquelas décadas - 1910-1930 - escreve Lothar Hessel – entre negro e branca ou entre negra e branco. Não se tratava, pois, de preconceito, mas de conscientização para possíveis problemas e dissabores. Conclusão: Quanto maiores as estas diferenças num casal, tanto mais forte terá que ser o amor entre os dois. É a beleza num casamento!!!


Erval de Henrique G. Schwingel, na Picada Winck, em 1922.



Se não alimentavam preconceitos raciais, cuidavam das diferenças entre si, evitando possíveis casamentos. Para isso e por isso, em Estrela as sociedades dos brancos não admitiam negros como sócios na SOGES, nem noutras sociedades. Não sendo sócios, também não podiam frequentar os bailes. Os negros, por sua vez, também não estimulavam o casamento entre brancos e pretos. A exemplo dos brancos, os negros tinham o seu salão de festas e bailes. Para citar um fato, havia o Salão dos Morenos, na esquina de Rua Borges de Medeiros com a Rua Coronel Müssnich, aos cuidados de Aristides Viana e Silva, mais conhecido por "Seu Velho Aristides". O Salão tinha duas dependências distintas. No salão de festas, onde era servida comida típica, todos podiam entrar. A comida tinha um sabor especial, muito apreciada pelos brancos. Entretanto, nas dependências do salão de baile, o "Velho Aristides" não deixava os brancos entrar para dançar.



 Instalação de um colono em Teutônia, foto do livro Rio Grande do Sul, de Alfredo R. da Costa, de 1922, p. 371.


Cemitério Evangélico da Vila Haas, em Forquetinha


Meu amigo Orestes Josué Mallmann, aproveitando as folgas no Serviço Militar, que está prestes a terminar em São Gabriel, andou fazendo pesquisas também no Cemitério Evangélico Antigo da Vila Haas, em Forquetinha, em 29-10-2011.
Felizmente, uma roçada feita um pouco antes de Finados deixou mais à vista os 44 túmulos, facilitando a identificação das lápides.
A sepultura mais antiga é de Georg Griermeiler * 3-3-1863 e + 21-12-1884. Seu óbito não está nos livros paroquiais. A segunda mais antiga é de Adam Knebel, mas as letras são quase ilegíveis: * 6-10-1860 e + 2-6-1888.
Por falta de espaço, deixamos sepulturas de crianças e jovens das famílias Stork, Nilsson e Grün. A 13ª tumba é de Michel Kortz * 7-3-1838 + 11-10-1918. A 14ª é de Josef Bündchen * 3-8-1850 + 20-1-1921 e sua esposa Eva Catharina * Strassburger 3-5-1849 + 8-3-1924. A 21ª é de Jacob Winter * 3-10-1845 + 9-10-1927. Os túmulos mais recentes são das famílias Prass, Quinot, Brand, Jung, Drechsler, Pohl, Juchum, Schwingel e Petry. O túmulo mais recente é de Ivo Drexler * 15-2-1937 e + 11-11-1979.
O quadro todo deste Cemitério pode ser solicitado aos e-Mails: orestesmallmann_gremio@hotmail.com, ou schierholt@gmail.com


Fernando Armando Menhard


 Professor de Artes Industriais, por 35 anos, na Escola Cenecista João Batista de Mello, em Lajeado, até se aposentar.
Fernando pode representar cidadãos brasileiros, filhos de imigrantes alemães, que retornaram à Alemanha para rever familiares e parentes, mas não puderam retornar ao Brasil, retidos pelo governo nazista.
Seus pais vieram ao Brasil e se estabeleceram em Marques de Souza, na década de 1920.  Lá por 1936, no auge do poder alemão, foram para a Alemanha fazer uma visita e não puderam retornar. Fernando e seus irmãos, nascidos no Brasil, tiveram que frequentar a escola durante o regime nazista e assistiram toda a II Guerra Mundial.
Só em 1946, a mãe, nascida brasileira, e os quatro filhos puderam retornar ao Brasil, mas sofreram as sequelas da guerra, pois a educação nazista os marcou por toda a vida.
Em 1951, o pai de Fernando também foi libertado da prisão norte-americana e voltou para o Brasil, onde viveu atormentado pelos efeitos da guerra.
Fernando nasceu em 14-4-1932, em Marques de Souza. Sofreu perseguições nos 18 meses de quartel em São Gabriel, pois não sabia falar nada em português. Sentiu-se feliz nos 35 anos de mestre no atelier de Artes Industriais do Mellinho, cujo afastamento lhe causou depressão, doença e morte. Faleceu em 27-11-2011, em Lajeado.
 
 

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