Autor: José Alfredo Schierholt


Autor: José Alfredo Schierholt
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Montagem: Orestes Josué Mallmann

sábado, 30 de junho de 2012

O Vale há mais de meio século

Folheando-se a coleção encadernada das edições do jornal VOZ DO ALTO TAQUARI consegue-se resgatar acontecimentos havidos na região, há mais de meio século.
* Repercutiu o falecimento do jovem José Ruy Maldaner, 17 anos, colhido por um caminhão de carga, quando entregava jornais, em 26-10-1954. Era aluno do Colégio S. José
* E. C. Lajeadense venceu o Estrela F. C. por 7 x 1, no domingo de 7-11-1954.
* Orfeão Estrelense ofereceu na SOGES um concerto coral e instrumental, sob a direção de Adolfo G. Ziebell e Siegmundo Ruecker, com arranjos de Vendelino Deves, em 12-12-1954.
* Prefeito Bruno Bom está calçando as ruas transversais da Júlio de Castilhos, em Lajeado. Adquiriu dois motores por 120 mil dólares, para fornecer 575 KVA de energia elétrica à cidade.
* Aray Mello Christ (foto), gerente da Rádio Independente, programou para 1956 músicas regionais e charlas campeiras no programa Manhãs Gaúchas, além de programa de auditório nas terças, sextas e domingos.
* Em 19-12-1954, Vitório Bohn apresentou ao público de Cruzeiro do Sul festival de teatro dos seus alunos de Boa Esperança. Vitório Bohn está aposentado e se dedica ao serviço voluntário de diácono permanente na Paróquia Santo Inácio, em Lajeado.
* Há pouco, dizia alguém, que o momento vivido atualmente pela humanidade é de dilúvio, porque existe efetivamente um dilúvio a inundar um mundo inteiro. Dilúvio de calamidades, de roubos, de desonestidades, de assaltos, de golpes, de manobras, de agitações, de imoralidades. É o que reflete a imprensa mundial. São crimes contra as leis civis e as de Deus - São, parágrafos iniciais do Editorial do jornal Voz do Alto Taquari, de 13-1-1955, assinado por Ney Santos Arruda.
Nada mais atual, mais de meio século depois!

 
Lothar Francisco Hessel
Com o falecimento de Lothar Francisco Hessel, em 24 de agosto de 2007, o Rio Grande do Sul perdeu um notável professor, historiador e escritor.
Nasceu em 31-3-1915, em Estrela, filho de Teobaldo Hessel e Maria Paraná Hessel, professora, em cuja escola iniciou a alfabetização, em Arroio da Seca, atual Imigrante. Casado com Noely Ribeiro Hessel, teve os filhos José (falecido), Maria Tereza, Maria Helena e Rosa Maria.
Estudou no Seminário Provincial em São Leopoldo (1928-1930) e lecionou no Seminário Nossa Senhora da Salete, em Marcelino Ramos (1936-1938), professor e regente do coral paroquial em Arroio do Meio, em 1939, e escrivão distrital em Corvo, atual Colinas (1940-1943). Por meio ano, foi proprietário da gráfica do jornal A Semana (1943), onde escreveu artigos sob o pseudônimo Celso Araripe. Vendeu a tipografia para Herrmann Fridolino Nienaber, em 11-2-1944, e transferiu-se para Porto Alegre, onde continuou os estudos e trabalhou. Na Livraria do Globo atuou na seção de Dicionários e Enciclopédias (1944-1947). Serviu Secretaria Estadual de Educação em 1947 e na então "Universidade de Porto Alegre", hoje Ufrgs, foi secretário da Faculdade de Filosofia e da Comissão Central de Publicações (1947-1949) e oficial administrativo na Escola de Engenharia (1949-1952).
 Diplomou-se em Letras Neolatinas pela Faculdade de Filosofia da Ufrgs, em 1951, sendo nomeado professor adjunto, no ano seguinte. Fez curso de especialização nas Universidades de Santiago do Chile, em 1953, e de Madrid, em 1958-1959. Foi secretário da revista Organon, na Ufrgs, em 1960-1961. A partir de 1953 foi professor de Língua e Literatura Espanhola na Faculdade de Filosofia da Ufrgs, posteriormente 
Instituto de Letras; e, interinamente, de Literatura Hispano-Americana.
Lecionou Teatro Português e Brasileiro no Curso de Arte Dramática da Ufrgs, do qual foi diretor, em 1964-1965. Ministrou aulas de Aspectos Educacionais, 
em 1972, no Campus Avançado da Ufrgs, em Porto Velho, Rondônia, assumindo sua direção, interinamente. Na Unisinos, lecionou Língua e Literatura Espanhola (1960-1961). No magistério secundário, de 1954 a 1985, foi um dos professores concursados fundadores do atual Colégio Municipal Emílio Meyer, em Porto Alegre, lecionando português e francês, sendo em 1982 agraciado pela Prefeitura com a Medalha do Mérito Educacional. Percorreu diversos países da América do Sul e da Europa. Colaborou em vários jornais e revistas no RS. Pronunciou uma conferência em espanhol na Universidade de Toulouse sobre temas sul-rio-grandenses.
 Com o livro Brava Gente venceu o Prêmio Sagol para romance de 1957, publicado em 1959 pela Saraiva, São Paulo, e 2ª edição, em 1986, em Porto Alegre. Em 8-12-1966, com mais 13 intelectuais, foi membro fundador do Círculo de Pesquisas Literárias - Cipel, do qual foi o primeiro presidente.
Colaborou com centenas de verbetes para o Novo Dicionário Aurélio (Aurelião), de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (Rio, Ed. Nova Fronteira, 1975).
Entre seus numerosos livros destacamos O teatro jesuítico no Brasil (1972); O teatro no Brasil da Colônia à Regência (1974); O teatro no Brasil sob Dom Pedro II (1979); O Partenon Literário e Sua Obra (1976); Teatro no Rio Grande do Sul (1998); O Município de Estrela - História e Crônica, em 1983; O Teatro no Brasil sob Dom Pedro II (1986); CIPEL. 20 Anos de Pesquisas (1987); Momentos Culturais Sul-Rio-Grandenses (1990), Europeus vistos de perto - 1966, em 1994, e O Município de Imigrante - Registros e Memórias, em 1998.
Há dezenas de artigos em revistas especializadas, no Brasil e no exterior, bem como centenas de artigos em jornais, especialmente no Correio do Povo, O Taquaryense e Nova Geração. Em 2000, publicou Viagens em Tom Menor, 2ª ed. Reorganizou a 2ª parte do Popularium Sul-rio-grandense, que estava por ser publicada pela Editora da Ufrgs (desde 1986). Desde 30-10-1964, foi membro da Academia Rio-Grandense de Letras, a qual presidiu de 1972 a 1974, como primeiro estrelense. Era membro do Instituto Histórico de São Leopoldo, desde 1976, do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, desde 1984, e do Instituto Histórico e Geográfico do Vale do Taquari, desde 1999. Além disso, era sócio correspondente da Academia de Letras José de Alencar, de Curitiba (1979), da Academia Piauiense de Letras (1981) e da Academia Cristã de Letras, de São Paulo (1983). Foi notável o seu apoio, mesmo distante em Porto Alegre, na fundação da Academia Literária do Vale do Taquari, em 4-10-2005, da qual ele foi escolhido como Patrono da Cadeira nº 5, do acadêmico titular José Alfredo Schierholt, instalado em 12-12-2011.
Faleceu em 24-8-2007, em Porto Alegre.


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