Meu Jubileu de Ouro Sacerdotal
Abrindo o Baú nº 291, de 10-12-2011
Hoje, transcorre o dia de minha ordenação sacerdotal, ocorrido em 10 de dezembro de 1961, na Igreja Santa Terezinha, em Passo Fundo, com mais quatro colegas da Congregação dos Missionários da Sagrada Família.


O sonho de prosseguir estudos e deixar os serviços de roça, me encaminhou ao Seminário Menor de Pelotas, em 1947. Lá cursei a 1ª série ginasial. Entretanto, ao terminar o ano letivo, voltei para casa, onde meus pais receberam do padre Reitor a carta de que eu não tinha vocação para ser padre. Não apanhei por esse motivo. O ano de 1948 na roça me parecia um castigo. Não queria ser colono. Nas horas livres, relia meus cadernos de latim, francês, português... Queria voltar ao estudo. Então, a única forma de prosseguir nos estudos era estudar para padre ou freira.
Certo dia, meu irmão estava terminando o primário e chegou em casa com a notícia de que tinha dado o nome dele na escola para ir ao Seminário. Voltei a implorar minha volta ao seminário. Quando o padre vocacional chegou lá em casa para ultimar os preparativos da ida ao seminário, meu pedido também foi aceito e partimos os dois para o Seminário Menor de Santo Ângelo. As fotos que tínhamos visto eram reais: prédio grande, dois campos de futebol, vôlei, grande represa para banhos, aulas de manhã, estudos à tarde, só uma hora de trabalho por dia...
Para encurtar essa história, meu irmão ficou em casa nas férias e eu fui ficando. A vida no seminário era boa por demais. Fui logo escalado para trabalhar na Encadernação, para restaurar livros da Biblioteca dos padres. Eu devorava muitos livros, mesmo os que me fossem proibidos ler.
No decorrer dos anos de estudo, eu não sentia dificuldades para ser sacerdote. Para isso, estava recebendo boa formação.

Os anos, assim, foram passando, até chegar o dia da ordenação sacerdotal. Não tinha como voltar atrás. Não podia causar esta tristeza e decepção aos pais e parentes. A pressão psicológica era terrível. O castigo da condenação ao inferno estava sempre presente. Quem não atendesse ao “Segue-me” podia estar no lado esquerdo no Dia do Juízo Final. Aquele que põe a mão no arado e olha para trás, não é apto para o reino dos céus (Lc 9, 62). Por isso, o dia da Ordenação foi marcado. A grande festa das Primícias foi programada. Tudo foi muito bonito.
Nos meus primeiros dois anos numa paróquia em Santo Ângelo foram estafantes. Atendia 30 capelas e pontos de pregação, além de atender a juventude nos movimentos de Ação Católica (JUC, JAC e JEC). Sentia falta de colegas e vida de comunidade. Seguiram-se dois anos em Rolante. Já foi melhor, pois lá moravam meus pais. A Obediência me obrigou a me transferir para David Canabarro. Voltei a sentir a falta de uma família.

Para não levar vida dupla e cheia de pecados, cheguei à conclusão de que deveria submeter-me a um longo tratamento psicológico para uma opção livre. Por isso, encaminhei ao papa o pedido de voltar à vida de leigo. Obtive da Santa Sé a Graça de deixar o ministério. Transferi-me para Lajeado em 5-4-1971.
Em 8-12-1971, casei-me com Renê Seganfredo Alievi, que tinha sido secretária municipal da Fazenda em Ciríaco. Por 40 anos, caminhamos juntos para construir um lar feliz, tendo os filhos Leandro, Saionara e Andreia, adotada, os netos Artur (que já retornou à Casa do Pai) e Vinícius. Além de professor, jornalista e escritor, prestamos serviços pastorais voluntários em cursos de noivos, batizados, catequese familiar, diretoria da Capela e Associação de Bairro no Florestal.
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