Relações entre Imigrantes Alemães
e Escravos
Abrindo o
Baú 292 de 17-2-2011
Emissários do
Brasil Império percorriam a Alemanha à procura de colonos sem terra com dois
objetivos: para formar o novo exército e para promover a colonização no Sul do
Brasil pelo minifúndio, produzir alimentos.
Os primeiros
imigrantes alemães em Taquari, a partir de 1835, vieram sem o caráter
colonizador. Já duas décadas depois, em 20-3-1855 em Lajeado, em outubro de
1855 em Estrela e em 1858 em Teutônia a colonização povoou o Vale do Taquari.
Vejam as fotos em anexo, de 1921.
A lei proibia o
braço escravo nas colônias. Mas, já então burlavam a lei. Donos de escravos
alugavam a força escrava para serviços pesados nas colônias, numa perfeita
sintonia. Com a Lei Áurea, se tornaram peões. Havia negros que falavam bem a
língua alemã.
As relações e
diferenças entre as diversas raças ficavam mais tensas quando se tratava de
casamentos. A prevenção já vinha de longe, no aconselhamento dos pais quanto à
escolha de amizade dos filhos na escola, igreja e sociedade. Afirmavam não
haver preconceitos. Apenas alertavam seus filhos para as consequências da
heterogeneidade e diferenças num casal quanto à cor, origem, estudos, posses,
meio social, idade, estatura, saúde e principalmente religião. Assim, se o
filho tivesse 1m60cm de altura e a moça tivesse 1m90cm; se a filha tivesse 28
anos e o rapaz tivesse 18 anos; ou se a filha fosse formada professora e o
rapaz fosse analfabeto; se o filho fosse peão e a moça fosse rica; se a filha
fosse aleijada e o rapaz fosse normal, enfim, todas as diferenças também de
religião, cor e origem poderiam interferir no relacionamento da vida a dois
para a vida inteira. A perspectiva era a indissolubilidade do matrimônio. Não é
como hoje quando tais diferenças pesam menos na balança da decisão para o
casamento e os conselhos dos pais quase não interferem. Não se sabe de casamento que tenha ocorrido naquelas décadas -
1910-1930 - escreve Lothar Hessel – entre
negro e branca ou entre negra e branco. Não se tratava, pois, de
preconceito, mas de conscientização para possíveis problemas e dissabores.
Conclusão: Quanto maiores as estas diferenças num casal, tanto mais forte terá
que ser o amor entre os dois. É a beleza num casamento!!!
Erval de Henrique G. Schwingel, na Picada Winck, em
1922.
Se não
alimentavam preconceitos raciais, cuidavam das diferenças entre si, evitando
possíveis casamentos. Para isso e por isso, em Estrela as sociedades dos
brancos não admitiam negros como sócios na SOGES, nem noutras sociedades. Não
sendo sócios, também não podiam frequentar os bailes. Os negros, por sua vez,
também não estimulavam o casamento entre brancos e pretos. A exemplo dos
brancos, os negros tinham o seu salão de festas e bailes. Para citar um fato,
havia o Salão dos Morenos, na esquina de Rua Borges de Medeiros com a Rua
Coronel Müssnich, aos cuidados de Aristides Viana e Silva, mais conhecido por
"Seu Velho Aristides". O Salão tinha duas dependências distintas. No
salão de festas, onde era servida comida típica, todos podiam entrar. A comida
tinha um sabor especial, muito apreciada pelos brancos. Entretanto, nas
dependências do salão de baile, o "Velho Aristides" não deixava os
brancos entrar para dançar.
Instalação de um colono em
Teutônia, foto do livro Rio
Grande do Sul,
de Alfredo R. da Costa, de 1922, p. 371.
Cemitério Evangélico da Vila
Haas, em Forquetinha
Meu amigo
Orestes Josué Mallmann, aproveitando as folgas no Serviço Militar, que está
prestes a terminar em São Gabriel, andou fazendo pesquisas também no Cemitério
Evangélico Antigo da Vila Haas, em Forquetinha, em 29-10-2011.
Felizmente, uma
roçada feita um pouco antes de Finados deixou mais à vista os 44 túmulos,
facilitando a identificação das lápides.
A sepultura mais
antiga é de Georg Griermeiler * 3-3-1863 e + 21-12-1884. Seu óbito não está nos
livros paroquiais. A segunda mais antiga é de Adam Knebel, mas as letras são
quase ilegíveis: * 6-10-1860 e + 2-6-1888.
Por falta de
espaço, deixamos sepulturas de crianças e jovens das famílias Stork, Nilsson e
Grün. A 13ª tumba é de Michel Kortz * 7-3-1838 + 11-10-1918. A 14ª é de Josef
Bündchen * 3-8-1850 + 20-1-1921 e sua esposa Eva Catharina * Strassburger
3-5-1849 + 8-3-1924. A 21ª é de Jacob Winter * 3-10-1845 + 9-10-1927. Os
túmulos mais recentes são das famílias Prass, Quinot, Brand, Jung, Drechsler,
Pohl, Juchum, Schwingel e Petry. O túmulo mais recente é de Ivo Drexler *
15-2-1937 e + 11-11-1979.
O quadro todo
deste Cemitério pode ser solicitado aos e-Mails: orestesmallmann_gremio@hotmail.com, ou
schierholt@gmail.com
Fernando Armando Menhard
Professor
de Artes Industriais, por 35 anos, na Escola Cenecista João Batista de Mello,
em Lajeado, até se aposentar.
Fernando pode representar cidadãos brasileiros, filhos
de imigrantes alemães, que retornaram à Alemanha para rever familiares e
parentes, mas não puderam retornar ao Brasil, retidos pelo governo nazista.
Seus pais vieram ao Brasil e se estabeleceram em Marques
de Souza, na década de 1920. Lá por
1936, no auge do poder alemão, foram para a Alemanha fazer uma visita e não
puderam retornar. Fernando e seus irmãos, nascidos no Brasil, tiveram que
frequentar a escola durante o regime nazista e assistiram toda a II Guerra
Mundial.
Só em 1946, a mãe, nascida brasileira, e os quatro
filhos puderam retornar ao Brasil, mas sofreram as sequelas da guerra, pois a
educação nazista os marcou por toda a vida.
Em 1951, o pai de Fernando também foi libertado da
prisão norte-americana e voltou para o Brasil, onde viveu atormentado pelos
efeitos da guerra.
Fernando nasceu em 14-4-1932, em Marques de Souza.
Sofreu perseguições nos 18 meses de quartel em São Gabriel, pois não sabia
falar nada em português. Sentiu-se feliz nos 35 anos de mestre no atelier de
Artes Industriais do Mellinho, cujo afastamento lhe causou depressão, doença e
morte. Faleceu em 27-11-2011, em Lajeado.
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